De forma definitiva constato, que se torna para mim mais difícil começar um artigo do que acabar uma "ultra", o que a meu ver, não possui nada de negativo.
UMA - Ultra com Muita Areia |
A Ultra Maratona Atlântica (UMA), chamou a atenção no ano passado. Tinha começado a correr há pouco tempo e qualquer corrida de longa distância, estava longe dos objetivos.
Com o passar do tempo, a realização de treinos e provas mais longas, os objetivos também se alteram e tornam-se mais ambiciosos. Após a abertura das inscrições da UMA, pouco demorou até à minha inscrição.
Os amigos do costume (Tiago, André e Quaresma), já tinham combinado ir até ao local da prova, para fazer os últimos 10 km em forma de treino e para me apoiarem numa altura em já sabíamos que estaria mais debilitado.
A deslocação para a UMA é um pouco diferente das outras provas. Uma vez que tinha boleia garantida para o regresso, arranjei boleia para Setúbal, através de uns amigos dos trilhos.
O dia começou cedo, por volta da 4h00.
Ficou combinado que o ponto de encontro seria às 5h00 em Tercena, e assim ir com tempo para apanhar o barco em Setúbal às 6h00. Chegámos dentro do previsto e seguimos para Tróia. Apanhámos o autocarro para Melides onde ainda deu para dormir um pouco.
Ao chegar a Melides, fui levantar os dorsais. Após a confirmação de alguns dados pessoais, recebi o dorsal (nº 69) que por motivos óbvios foi um sucesso, uma t-shirt, um buff, uma barra e um gel energético, uma maçã e uma garrafa 1 litro de água.
Depois foi só aguardar, aproveitar para conversar com alguns amigos e tirar as fotografias da praxe, até ao tiro de partida.
"Loucos" |
É dado o sinal de inicio da prova e lá seguimos em frente, porque na UMA pouco mais há a fazer do que seguir em frente. Água do lado esquerdo, dunas do lado direito e areia ao centro.
Início da corrida |
Na fase inicial, há uns que optam pela areia molhada mas com desnível, outros seguem pela areia solta mas plana. Andei durante 2 ou 3 km pela areia solta, até decidir experimentar o plano inclinado, mas não correu muito bem.
Nas vésperas da prova as dúvidas prendiam-se com o calçado. Seria melhor usar as sapatilhas de estrada, ou os de trail? Acabei por me decidir por levar os de estrada.
Os de estrada são mais folgados e esta folga no plano inclinado, causou uma fricção anormal. Cada vez que procurava fugir das ondas, o problema agravava-se e perto do km 5, já sentia um grande ardor no pé direito. Sabia que não podia correr mais ali e regressei ao plano com areia solta.
Ao fim de 12 km já estava todo moído, tinha uma bolha grande no pé direito, e o peso da água fazia-me mossa. Carreguei a mochila com 2 garrafas de 0,5L e enchi a bolsa com a capacidade máxima que é cerca de 1,5 L. Resolvi despejar parte de uma garrafa, mas a meio do processo reparo que faltam 16 km até ao abastecimento na Comporta, e que toda a água me fazia falta, não apenas para beber, mas também para refrescar a cabeça.
Aos 18 km e um misero ritmo médio de 9:30m/km, finalmente passou o martírio, a maré já estava suficientemente baixa para se formar "a estrada" e poder correr num piso um pouco mais sólido. Aproveitei a água do mar para molhar os pés e assim aliviar a sensação de ardor da bolha e das unhas.
Com a melhoria das condições do terreno, os tempos por km baixaram e andei sempre perto dos 7m/km.
Os km foram passando e assim cheguei ao abastecimento ao km 28,5 ... já sem água nas reservas.
A organização forneceu 2 garrafas de 0,5L. Bebi metade de uma delas e o restante coloquei na mochila.
Aproveitei para descansar um pouco enquanto lutava contra a mochila, porque não conseguia fechar a bolsa de hidratação (estive a bater mal durante 1 ou 2 minutos :) )
Saí do abastecimento acompanhado de outro corredor e mantivemos um ritmo estável durante algum tempo, até que vejo no horizonte, os 3 amigos que tiraram o dia para me acompanharem nos últimos km.
Aproveitei para aumentar o ritmo, levado pela "frescura" que eles apresentavam, queixei-me das dificuldades, mas a conversa pouco durou. As energias que tinha recuperado no abastecimento, fugiram e pouco reagi aos incentivos de conversa dos companheiros e os últimos kms foram feitos em modo automático.
Chegado à meta, uma sensação de objetivo realizado e cumprido. Com um tempo de 6h01m fiquei no tempo máximo previsto à partida, pois pensei em demorar entre 5h30 a 6h00.
Atirei-me ao melão e à melância que a organização forneceu, assim como a um refrigerante fresco. Soube-me pela vida.
Ainda deu tempo para o banho na praia e um lanche ajantarado com os companheiros e respectivas famílias na Comporta. Excelente maneira de passar um dia. :)
A UMA deste ano está feita e para o ano logo se vê.
No que diz respeito à organização do evento, esteve em todos os aspetos em grande nível. Desde a recepção, o acompanhamento ao longo da prova, até ao fim. Nada a apontar.
Os deuses do tempo, também foram agradáveis e proporcionaram um céu limpo mas com temperaturas bem amenas, comparadas às que se fizeram sentir, nas semanas anteriores a este evento.
Mais um agradecimento (todos os que der são poucos) aos companheiros de corrida, que incentivaram e acompanharam nos derradeiros kms, pois sem eles teria sido muito mais penosa, a chegada à meta.
A jeito para a fotografia |
Ornelas no apoio (os outros esconderam-se) |
Percurso
Aqui ficam os gráficos:
Resumo
Companheiro, os agradecimentos não são necessários. Nós queríamos ir passar o dia a Tróia e a tua ida à UMA foi só o pretexto que precisávamos. :)
ResponderEliminarComo te disse após a prova és um campeão e uma fonte de inspiração para nós.
No dia seguinte à corrida disseste que esta prova não seria para repetir "esta já fiz e agora há outras desafios para alcançar", agora leio "A UMA deste ano está feita e para o ano logo se vê.", por isso já sei que tenho que treinar porque em 2014 acompanho-te nos últimos 20km da tua 2ª UMA. :)
Aquele abraço, AMIGO.
Tiago, no final de um empeno não pensamos em repetir. Passam 2 dias e já não se fecha a porta :D
EliminarQuanto aos 20KM:
Tá dito ... tá dito. 20Km no minimo para ti eheh
Vitório, os amigos são para isso mesmo. Foi um prazer poder acompanhar-te nos últimos Kms. Quanto á UMA de 2014, podes contar comigo para correr, toda não prometo, mas alguns Kms podes ter a certeza que vou correr. A Rute já disse que espera na meta, pois prefere ficar a apanhar banhos de sol. :)
EliminarObrigado André. Para o ano logo falamos ;)
EliminarMuitos parabéns Vitório! Pelo relato e por esta conquista. É uma prova para duros.
ResponderEliminarConfesso que a ideia de correr tantos kms, vencendo a monotonia do trajecto e a dificuldade da areia é uma coisa que ainda não me atrai para a UMA. Mas quem sabe um dia...
Parabéns, continuação de boas corridas!
Obrigado menina
EliminarParabéns pela grande prova, Vitório! Uma prova de superação.Se pudesse também tinha ido fazer os últimos 10kms. Logo se vê para o ano...
ResponderEliminarParabéns também por teres concluído o relato da prova.Abraço.
Obrigado Bruno. Este ano escapas ...
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